quarta-feira, 7 de abril de 2010

TEXTO: A (re)produção do solo urbano. (FANI, A.)

Data no cronograma: 22/03/2010

Capítulo 2) O uso do solo urbano

Partindo do conhecimento sobre cidade como formas de ocupações dadas a partir da necessidade de realização de determinada ação, podemos acrescentar que cidade, do ponto de vista do produtor de mercadorias, é um centro de produção (distribuição, circulação e troca), de mercado e de atividades de apoio à produção e, do ponto de vista do morador, é um meio de consumo coletivo.
Tais atividades constituirá um modo de vida que irá suprir as necessidades de existência do ser humano.
O uso do solo urbano será disputado de forma diferenciada, gerando conflitos que serão orientados pelo mercado. A análise desse uso é fundamentada nos setores de atividades (industrial e comercial) e no residencial. Pra isso, leva-se em conta as relações sociais de produção e a teoria do valor.
Pra se ter um pedaço de terra é preciso pagar. A partir desse fato, podemos antecipar outro de que a distribuição da terra será de forma segregada. O preço da terra será imposto de acordo com a localização do terreno, o acesso aos lugares ditos privilegiados, a infra-estrutura, a privacidade, os fatores vinculados ao relevo e ao processo de valorização espacial. De acordo com o processo de reprodução do capital será indicado os modos de ocupação do espaço pela sociedade. Enquanto uso do solo para processo de reprodução do capital, o espaço aparece como capital fixo, e enquanto uso para reprodução da vida, é meio de consumo coletivo.


Capítulo 3) A valorização do espaço urbano

A cidade é a relação entre o "construído" e o "não construído". A paisagem urbana traz as marcas de momentos históricos diferentes produzidos pela articulação entre o novo e o velho.
Partindo para a discussão da renda da terra, temos um dilema. De um lado, temos que, de acordo com a teoria de Marx ("o valor é determinado pelo trabalho"), a terra não é produto do trabalho e, portanto, não tem valor. E do outro lado, tem-se a afirmação de que o espaço geográfico, como produto do trabalho geral da sociedade, aparece, através da cidade, enquanto trabalho materializado. Além disso, o espaço geográfico não é exterior à cidade, mas sim um produto dela.
A terra "em si" é um instrumento de produção. O solo urbano tem valor enquanto produto do trabalho humano; ao contrário da terra rural que gerará uma renda.
O modo pelo qual o indivíduo terá acesso à terra na cidade, vai depender das classes sociais e do conflito entre parcelas da população.

Capítulo 4) Cidade: uma perspectiva histórica

A cidade é algo essencialmente não definitivo. Ela tem uma história. Ela nasce da necessidade de se organizar um dado espaço no sentido de integrá-lo e aumentar sua independência visando determinado fim.
A origem de uma cidade pode ser indutrial, cultural, comercial, administrativa ou política. No momento em que o homem deixa de ser nômade, é dado o primeiro passo para a formação das cidades. Quando começa a dominar um elenco de técnicas menos rudimentares, é o segundo.
A divisão do trabalho vai determinar uma separação espacial entre as atividades dos homens, logo entre cidade e campo.
A acumulação de inovações técnicas ampliaram a eficácia produtiva do trabalho humano.
A existência da cidade se dá pela divisão do trabalho, pela divisão da sociedade em classes, pela acumulação tecnológica, pela produção do excedente agrícola decorrente da evolução tecnológica, por um sistema de comunicação e por uma certa concentração espacial das atividades não-agrícolas.
As primeiras povoações foram Kisch, Ur e Uruk.
Na Antiguidade, as cidades, basicamente comerciais, se situam ao longo dos rios e mais tarde à margens do Mediterrâneo, vinculando Oriente e Ocidente. Com o bloqueio do mar Mediterrâneo, o comércio foi inviabilizado e, consequentemente, as cidades entraram em rigoroso declínio.
Antes se tinha os modelos feudais de cidades. Porém, depois das Cruzadas, as cidades passaram a crescer, juntamente com o comércio, para poder atender a demanda de população que teve considerável aumento. Isso comprova que a cidade é sempre uma organização dinâmica, pois ela sempre se ajusta com as necessidades humanas.
A partir da transição entre o feudalismo para o capitalismo, surge uma nova classe: a burguesia. Essa classe terá um grande crescimento, e, mais tarde, contribuirá para a fase industrial.


Capítulo 5)
Repensando a noção de cidade

Relembrando que a cidade é sinônimo de inacabado, podemos acrescentar alguns fatores que, com o crescimento delas, passam a serem modificados. O fator distância, por exemplo, é basicamente eliminado pelo desenvolvimento dos jatos, dos satélites e da informática. O fator tempo, agora, se torna essencial.
A cidade é o "locus" da produção, concentrando os meios de produção, do capital e da mão-de-obra, mas também é concentração de população e bens de consumo coletivo. Aglomeração e concentração são duas características constantemente vinculadas à ideia de cidade.
É preciso analisar o espaço enaquanto condição, meio e produto da reprodução da sociedade. O espaço é o lugar do encontro e o produto do próprio encontro.
O espaço urbano (re)produz-se como produto e condição geral do processo produtivo. Do ponto de vista do capitalista, aparece como capital fixo. Sua estruturação dá-se de forma a permitir a circulação da mercadoria, da matéria-prima e da mão-de-obra, bem como a viabilização do processo produtivo.
O modo como a sociedade vive hoje é determinado pelo modo como ocapital se reproduz, em seu estágio de desenvolvimento. Se por um lado o espaço urbano é cada vez mais socializado, por outro a sua apropriação é privada. O uso do solo urbano dá-se, pois, mediante disputa determinada quer pela necessidade do uso como pela utilização da terra como reserva de valor.
O entendimento da cidade só pode ser alcançado a partir da unidade de dois níveis de análise: aquele do capital e o da socidade como um todo.

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